domingo, 5 de julho de 2009

A falência do circo


“A maior parte da dinâmica dos relacionamentos não comporta a verdade”, leio, estarrecida, em meu signo, na seção de horóscopo de O Estado de São Paulo. Mercúrio e Plutão em oposição? Pouco me importa. Divirto-me aqui na platéia e deixo o palco para os exibicionismos daqueles que crêem, firmemente, no triunfo da dissimulação, para os que têm fé na descrença, aos apreciadores de grandes espetáculos com direito a cortina de fumaça na estréia e em todos os atos. Fumaças e escuridão: toda boate tem um fundo de verdade!, canta, com habitual irreverência, Ana Carolina.
Da página de horóscopo (adoro oscilar entre os extremos!) pulo para a reportagem com o escritor argelino Grégoire Bouillier e seu livro sobre o conturbado caso com a artista Sophie Calle, de quem se separou por e-mail, recebendo como resposta diversos vídeos com mensagens que interpretavam o rompimento por meio de performances. Em meio à ruidosa era de discursos eletrônicos, e-mails, torpedos, SMS, twitters, blogs, nada mais atual aos adeptos do estilo fake do que ser virtual e não real! Maria Aparecida Baccega, da Escola Superior de Propaganda e Marketing e livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, interpretou, com argúcia, o fenômeno e seu alargamento para o território comportamental: “Palavras tomam lugares em discursos de máscaras. A linguagem então assume o papel de mercadoria. é a sociedade das aparências”.
A fórmula é fácil. Inclui embalar conversas em um papel vistoso (quem sabe não estaria aí a origem da expressão 'papo furado'?), jogar para debaixo do tapete as dores e decepções sem a necessária auto-investigação, substituir sentimentos que exigem crescimento pessoal por emoçõezinhas baratas e converter delicadeza em vulgaridade. Na arena dos discursos de máscaras é mais forte quem sabe mentir. E na lógica perversa dos marqueteiros da felicidade modelo revista Caras (e de seus bilhetes de viagens, fotos que tentam estancar o tempo e lua-de-mel com vista para o mar) amar é um ato de ingenuidade.
A série de vídeos que traduziram a mensagem de rompimento de Bouillier a Sophie Calle foi exibida na Bienal de Veneza de 2007. Entre performers, atrizes e bailarinas, havia uma palhaça. Do lado de fora do enquadramento do vídeo, o circo faliu. A palhaça, sem mais função, resolveu aprender a ser trapezista.

2 comentários:

  1. É minha Nêga!!Tem um povo aí total Roberto Baggio:defronte pro gol e perde.Não se apruma afetivamente!!!Sabe Carolina,sem ser a Ana cantora? Aquela de Chico:"otempo passou na janela" E só a janela não viu...?Quem te perdeu foi quem se perdeu. Tu nasceu pra ser amada,Vinha.É o teu destino.Bj c amor,Dadá

    ResponderExcluir
  2. Flavinhaaaaaaaa .....Nã mermã eu já não tinha remédio pra livrar-me desse tédio virtual até que uma flor com palavras rebolantes furou minha tela com parafusos de veludo, alicates e palavras cremosas...rssss
    Carpe Diem!!! Dona moça, colha o dia hoje como se fosse um fruto maduro, que a vida não pode ser economizada para amanhã, acontece sempre no presente.....
    Bsos..Alice Pires guete......
    www.alicenopaisdasmaracutaias.blog-se.com.br

    ResponderExcluir