terça-feira, 30 de julho de 2013

Janelas da Vida

A exuberância de uma natureza singular
Praia da Raposa, julho de 2013






quarta-feira, 24 de julho de 2013

Olho de Texto


Em tempos de tags, twitters, banners e posts chegará uma época em que escrever assim, de um modo afeito às sentimentalidades, irá tornar-se algo tão nostálgico quanto as máquinas de escrever, as fitas cassetes e os filmes das câmeras fotográficas? Oxalá os profetas do Admirável Mundo Novo errem suas previsões apocalípticas sobre o fim da escrita, agora vestida da purpurina das telas em LCD, muito além do papel da Galáxia de Gutemberg!

Pois bem, prossigo na aventura destemida da escrita. Há exatos 10 anos, aprendi a reservar tempo e atenção a mim mesma. Até então, nunca havia sido muito amiga do espelho, costumando passar horas mergulhadas em meus devaneios, durante longas incursões interiores. Não dava a mínima ao exterior. Tímida e míope, sequer lembrava do meu rosto de avestruz. Foi então que, por certa influência, passei a cuidar melhor de mim e a me presentear com determinados mimos.

Atualmente, estou me proporcionando um desses raros prazeres que fogem às classificações rasteiras do instinto. Há anos nutro uma paixão platônica pela arte de fotografar, dessas de comprar livros de Sebastião Salgado, reproduções de Henri Cartier Bresson, revistas e outras referências à fotografia. Até a sala do meu apartamento denuncia o flerte, com uma imagem espetacular, em preto e branco, da fotógrafa alemã Alice Brill, que fugiu do nazismo para o Brasil, quando o pai foi morto em um campo de concentração. 


Agora resolvi consumar a paixão e fazer um curso. Diafragmas, Obturadores, ISOs têm sido um feliz exercício de aprendizagem. A imagem sempre foi meu objeto de estudo, desde a graduação, quando escrevi sobre a “fascinante relação entre a imagem e o texto no telejornalismo”, um título mais poético do que científico para uma monografia de conclusão de curso universitário.   

O fascínio pela foto começa desde a etimologia da palavra fotografia, que significa escrever com a luz, quase trecho de um poema. Eu, que já escrevi com sombras, com raios, tempestades, céu nublado ou ensolarado, estou completamente extasiada com as infinitas possibilidades de dizer sem palavras. Para quem passou a metade de sua vida escrevendo para sobreviver, a fotografia é a própria insubordinação aos ditames de um discurso. Ela se espraia pelos amplos significados da subjetividade, podendo afirmar aquilo que não foi dito e nunca será por texto algum. Não foi à toa que o espectro fotográfico instigou ampla parcela da intelectualidade, a exemplo de Barthes, com sua A Câmara Clara e Philippe Dubois, que desvendou um ponto focal, ao mencionar que “a foto aparece, no sentido forte, como uma fatia, única e singular de espaço-tempo, literalmente cortada ao vivo”.

A minha visceralidade para escrever permanece inalterada. Mas, agora, completamente enamorada pela arte de captar imagens em instantes únicos, buscadas com a precisão de quem deixa escapar um jeito de olhar próprio, de quem fotografa a imensidão e a diversidade da existência. Experiências assim devolvem o sentido original da constatação de Fernando Pessoa, a de que toda arte é uma confissão de que a vida não basta.


Obs: a foto foi feita por mim, especialmente para esta postagem. A crônica é dedicada aos meus colegas e ao professor e fotógrafo, Zé Luiz Cavalcanti, do Curso de Fotografia do SENAC, que transcendeu a técnica e ensinou bem mais do que ajustar o obturador, o diafragma, o ISO, destacando o  que pode existir além de uma imagem.  Valeu!



terça-feira, 23 de julho de 2013

Quarta-feira de Luz