segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Blogueiros do Maranhão: Davis contra Golias na Comunicação




Nas primeiras horas da manhã de sábado, eu e uma pequena comitiva de guerrilheiros da comunicação pegamos a estrada rumo ao município de São Mateus, localizado a 180 km de São Luís, para participar do I Encontro de Blogueiros do Maranhão. Não poderia ser mais sugestivo que o evento fosse realizado na cidade que tem o nome do apóstolo ao qual é atribuída a autoria do primeiro evangelho cristão. Evangelho, do grego evangelion, significa “boa nova”, “boa notícia”.
Para quem enfrentou, de 2004 a 2006, um desafio sem precedentes na história da Comunicação do Estado, participar de um encontro que reuniu a força dos pequenos proprietários da notícia trouxe um significado especial. Há algum tempo tenho, confessadamente, reverenciado as possibilidades de democratização da comunicação, oferecidas pela Internet. Se não plenamente de democratização, mas pelo menos de contraponto às tradicionais formas de manipulação da informação, concentrada no monopólio dos grandes veículos. As leituras das obras do sociólogo espanhol Manuel Castells, autor de A sociedade em rede, entre outras, só fizeram ampliar ainda mais essa percepção, que cresce em proporções semelhantes às redes sociais e às ferramentas como blogs, sites, portais, MSN, Facebook, Sonico, Orkut e outras.



Citando o professor Albino Rubim, o jornalista Márcio Jerry definiu com exatidão o paradoxo entre a Idade Mídia e a situação social de um Maranhão que ainda rasteja, em diversos aspectos, pela Idade Média. Aproprio-me da fala do colega para descrever como sendo este o maior sentido de um encontro de blogueiros num Estado em que, há três anos, tivemos que recorrer à comunicação alternativa para divulgar informações de interesse público e apelar aos mecanismos de contra-informação, frequentemente usados em regimes de exceção. Com o fenômeno dos blogs e a possibilidade de formar redes, acrescidos das características de interatividade, instantaneidade e convergência das mídias, uma comunicação compartilhada e cada vez mais horizontal começa a desafiar a hegemonia da Midiabólica. Como os vietnamitas na guerra contra os norte-americanos, os pequenos Davis agora ameaçam o gigante Golias. Pela ousadia de Jônatas Carlos (São Mateus em Off), de São Mateus, pela dedicação de Ludwig Almeida e Ademar Sousa (Tribuna do Maranhão), de Timon e de tantos outros, o nosso reconhecimento e incentivo.









Mais links sobre o evento:
http://www.tribunadomaranhao.com.br/noticia/primeiro-encontro-de-blogueiros-do-maranhao-3287.html






























































































sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Diário de Bordo n. 41




A metáfora da existência como um trem é das minhas preferidas. Além do romantismo imagético de um meio de transporte dos mais antigos, possui força poética semelhante a um bom filme ou um livro. A música Encontros e Despedidas, de Milton Nascimento e Fernando Brant, é a mais próxima referência ao meu alcance agora: “A hora do encontro é também despedida” ou “...tem gente que chega para ficar, tem gente que vai para nunca mais”.

Nesse vai e vem, de chegadas a partidas, sou dona de um patrimônio precioso, daqueles que só depois de acumularmos alguns anos bem vividos podemos nos ufanar de possuir: amigos com quase 20 anos de convivência, outros com 15 anos de amizade, amores que se transmutaram em amizades sagradas e alguns remanescentes da infância que, tardiamente (e sob protestos!), já começa a se distanciar no espelho retrovisor. O melhor desta viagem é a paisagem humana que surge no trajeto, desenhando novos e recorrentes significados dentro de mim. A riquíssima experiência de viver possibilita, além dos aprendizados necessários à viagem, o degustar de sabores, o conhecer de lugares e a possibilidade de nascer novamente todos os dias, sob as bênçãos do sol da manhã neste hemisfério do planeta.
O ritual de passagem proporcionado pelos aniversários nos oferece reflexões desta natureza. Na cabine do trem onde viajo já passou uma diversidade fantástica de pessoas, algumas permanecem respirando forte em minha memória, outras repousando em álbuns de fotografias e há ainda as maravilhosas descobertas de 2009, umas como páginas que não foram lidas, capítulos inteiros desperdiçados, quem sabe, talvez numa próxima parada. Uns continuam a viagem ao meu lado, outros se perderam na estação. Necessária se faz a intromissão da inevitável pergunta que intriga a humanidade: para que, afinal, estamos todos neste trem que viaja? A mim me bastam minhas próprias convicções pessoais como respostas: converter a existência em uma experiência edificante. Trabalhar, amar, emocionar-se e viver abundantemente como ensinou o antropólogo chileno.  Sangue, suor e lágrimas nos redimem da imbecilização coletiva. Cabe repetir o poeta Leminski: “Essa vida é uma viagem. Pena eu estar só de passagem”.