domingo, 31 de julho de 2011

Sistema Ocular

Em brio (H) da


 Vinho te dizer
Taça tudo que quiser
Pois o Mal bec se faz
Vai Caber neles

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sexo Sentido


 Sem conservantes
Minha química de amante
É mais adiante

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cinema & Psicanálise

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sabores, saberes e sorrisos adicionados ao tempo


O tempo é uma dimensão poderosa, assustadora. O acúmulo dos anos e algumas inevitáveis adversidades, com suas dosagens certas ou exageradas de amargor, são capazes de corroer vagos vestígios de antiga pureza, de roubar o sorriso pueril e caducar alguns sonhos no meio do caminho. Ao nos deparamos diante do espelho, em nossos momentos lispectorianos, notamos a familiar metamorfose que se operou em nós mesmos.
Um amigo querido, que já atravessou o “Cabo da Boa Esperança”, me disse que em certa altura da vida os anos começam a pesar. O peso da idade é daquele tipo que nenhuma lipoaspiração é capaz de reduzir. O cenho franzido, irritado, arrogante ou autoprotetor, a curvatura moldada pela drummondiana descrição “ombros que suportam o mundo”, as rugas de reveladora expressão, a praga das reclamações a infestarem de maldizeres as conversas, secreções purulentas a exalarem dos nossos péssimos hábitos e algumas decepções no saldo devedor da vida são exemplos dos quilinhos extras acumulados no tal peso da existência.
O texto quarentão não consiste em lamento amargurado ou muito menos em um atestado de óbito da alegria. Erê e Baco continuam pulando e rebolando aqui dentro, insistindo em levantar do chão da lona, a cada bofetada. Escrevo sobre aquilo que talvez seja a lição mais valiosa no Manual de Sobrevivência na Selva da Convivência: a transcendência.
A noção da impermanência é uma aliada no árduo esforço por transcender situações desagradáveis, dissabores e cicatrizar queimaduras de terceiro grau. A fragilidade da existência na Terra, a percepção de que tudo é transitório, todas as coisas estão em permanente processo de transformação são recursos valiosos para quem pretende evitar a obesidade mórbida dos rancores. Uma péssima memória para registrar a deselegância alheia e a... ãh? O que mesmo??
Aldous Huxley disse que experiência não é o que lhe aconteceu, mas o que você fez com o que lhe aconteceu. No retrovisor, a paisagem é bem mais agradável quando é possível converter tristeza em aprendizado, sem vergonha de estar escrevendo literatura de auto-ajuda. A vergonha e a culpa, aliás, como o sol e os cigarros, deveriam ser incluídas no rol dos fatores de envelhecimento precoce. Em oposição a estes fatores, fica a sugestão de Chico Buarque, de um Amor Barato, destes que “dá mais que Maria Sem Vergonha...”
Ao ler o artigo Respeito ao Tempo, de Constanza Pascolato, deparei-me com a expressão francesa: être bien dans as peau, que significa estar bem, na própria pele, com a idade que tem. Constanza cita Sócrates, que teria dito: o tempo só respeita quem o respeita. A filosofia oriental tem sua frase correspondente: “O tempo se vinga de quem não cuida bem dele”. Tão simples: cuidado e respeito, consigo e com o outro. Viver bem é atributo dos sábios. Entre a listinha básica dos bons hábitos de vida, incluo o ensinamento de Barthes, na sua famosa Aula Inaugural, no Collége de France: “Nada poder, um pouquinho de saber e o máximo possível de sabor”.
É preciso saborear a vida, degustando especialmente os bons momentos, já que neste Vale de Lágrimas “tristeza não tem fim, felicidade sim...”
Meu avô José Bezerra, patrimônio da minha pretensa humanidade, do mais profundo de seus 96 anos, às vésperas de ser um homem centenário, me disse certa vez, com seu habitual tom doce e bem-humorado: “A vida me deu muitas graças. E também algumas gracinhas”. Como diria Mercedes Sosa: Solo pido a dios... Eu só peço a Deus que, no meu capítulo final, quando não me restaram mais ilusões ou momentos vãos, que permaneça o humor para Sorrir como naquele escrito já musicado de Chaplin.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Via de pressa!


Há alguns anos, entusiasmei-me com a obra A Terceira Margem – em busca do Ecodesenvolvimento, de Ignacy Sachs - um mix de autobiografia, observações extraídas de sua aguda percepção da multiculturalidade planetária (ele morou no Brasil, Índia, vive em Paris desde 1968) e elaboração de ideias, com acuidade ímpar. Economista polonês, Sachs, percorreu caminho inverso às doutrinas neoliberais e criou o conceito de ecodesenvolvimento ou desenvolvimento includente, uma recusa lúcida e irreverente em aceitar que o desenvolvimento possa surgir, unicamente, por meio da via econômica. O intelectual chuta o balde do americanismo, evidenciado na expressão do marqueteiro de Clinton, James Carville: “É a economia, estúpido!”
A vitalidade de pensamento de Sachs é impregnada de ânimo na abordagem da inadiável questão da sustentabilidade. Ao trabalhar o ecodesenvolvimento no Terceiro Mundo, o autor diz que foi “impossível não se debruçar sobre a questão da hipertrofia urbana, da proliferação das favelas e dos bairros periféricos precários”.

O tema Favela tem despertado especial interesse em mim, já tendo adiado um projeto de pesquisa sobre o assunto, por alguns anos, possibilitando-me um olhar mais atento às tragédias enfrentadas, diariamente, pela população periférica de São Luís. Penso em Sachs todas as vezes em que leio  notícias de “quilômetros que serão asfaltados” pelo Poder Público a vagar, feito as carruagens de Ana Jansen, pela minha cidade e pelo meu Estado. A indignação me esmurra quando, ao sair de casa cedo, percebo a “genial” solução encontrada pela Prefeitura para resolver o problema dos engarrafamentos nas rotatórias: cones.  Ou, ao ouvir o locutor forasteiro dizer que a Via Expressa do Governo do Estado é uma “homenagem pelos 400 anos de São Luís” – em peças cuja ausência de conceito publicitário evidencia mais a “bondade governamental”, ao oferecer um “presente” aos maranhenses, do que a questão urgente do futuro da cidade.

Ora, até os bêbados do Abrigo da João Lisboa sabem que asfalto e concreto são repetidamente jogados, há décadas, em nossas avenidas e ruas, pelos sucessivos prefeitos, sem que nenhuma mudança estrutural tivesse ocorrido, de fato, nos últimos 40 e poucos anos. Um conhecido deputado federal já dizia: Tadeu Palácio como prefeito foi um ótimo jardineiro!
A apologia ao tal desenvolvimento do Maranhão é feita desde o tempo em que Sarney ainda não possuía tinta nos bigodes. Os elementos da retórica desenvolvimentista local, “Porto do Itaqui”, “siderúrgicas”, “refinarias”, “milhares de empregos que serão gerados”, são refrões surrados de uma velha canção, que desafina diante do côro da imensa legião de miseráveis. No livro já citado acima, Sachs provoca: “Que dizer do crescimento econômico, mesmo forte, que se dá aprofundando as desigualdades sociais?”

Para ele, toda cidade é um ecossistema, ao “dispor de um potencial de recursos desperdiçados, mal utilizados, latentes”. O conceito reside a quilômetros de distância das políticas públicas capengas, elaboradas pelos gestores maranhenses. Vivemos em um município fragmentado, que cresce de maneira desordenada, sem o incentivo às iniciativas criativas e originais. O polonês cita como exemplo uma experiência em Curitiba em que a prefeitura pagava em forma de passagens de ônibus os sacos de lixo levados pelos moradores.
Uma das melhores produções sobre a questão urbana em São Luís foi o filme produzido por Diogo Pires Ferreira, a reflexão: Resgatando velhos conceitos para o futuro da cidade. Entre os diversos aspectos abordados, o mais simples de todos e não menos essencial: são poucos os locais da capital do Maranhão onde é possível comprar pão a pé. A dependência do carro na cidade é proporcional ao isolamento por muros, pelas grades dos condomínios e dentro do ar-condicionado, enquanto lá fora se discute o aquecimento global. Em um artigo publicado no jornal Vias de Fato, chamei de a “barratijucatização de São Luís”.
Às vésperas de mais uma eleição municipal, que o vídeo sirva de reflexão aos responsáveis pela elaboração das políticas públicas,  com o cacoete de atropelar o fator humano e de tentar resolver a complexa questão urbana com asfalto e concreto.


terça-feira, 19 de julho de 2011

Rede Boa

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Precisão




O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição. 
(C.Lispector)

LUCI...DEZ.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Respeito à Diferença