quinta-feira, 24 de abril de 2014

A maior das ambições





Não coleciono ambições no pescoço ou outras gargantilhas-algema. 

Nem invejo os bolsos estufados e os cenhos franzidos de quem sorri com avareza entre os dentes estragados de ouro. 

Divirto-me com a maior das minhas ambições: rir dos ambiciosos, os canalhas que peidam o azedume de seus esquemas. 

São cães que lambem as próprias patas sujas de lama. Cachorros grandes.
Lambuzam-se de seus excessos. 

Estou aqui de passagem, carregando a mochila da liberdade. 

Meu destino é longe daqui. 

Meu reino também não é deste mundo. 

Prefiro a companhia dos andarilhos sem morada, dos esquálidos com fome, dos despretensiosos audaciosos. 

Não sou amiga dos reis. 

Meu saber é o sabor.

Meu poder não tem pudor.

Sou passarinho.

sábado, 19 de abril de 2014

TAMBOR DE ALELUIA


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Exercícios do Instante



Já fui uma amante insana da vida, a ponto de lamber minhas próprias feridas. O bafo de oxigênio inebriava meu desejo incontrolável de viver, criar, voar pelos ares que a minha mente fervilhante abria. A timidez dos primeiros anos de estágio na existência guardava a polifonia de temas ansiosos e variados. O peito incendiava e a pressa me arrastava por variadas vielas e becos, até cair exaurida de tanto prazer de existir. 

Mas o tempo costuma arrefecer certos ardores juvenis, contidos pelo recato exterior. Os joelhos e os devaneios já não são assim tão afoitos. O apetite incontrolável pelo banquete servido pelo Divino Mistério Profundo agora se transforma em delicada degustação. Nada mais é tanto assim. A força que irradia vem da substância adquirida pelas experiências, dolorosas ou prazerosas, e não apenas dos ímpetos que me conduziam.


A alma, em sincero sorriso de satisfação, já sabe o que vai poder levar na bagagem. Dedico-me à faxina dos entulhos. Busco o aprimorar interior. Desintoxico os maus hábitos emocionais. Ainda há muito trabalho pela frente. Mas há de ser recompensador não mais precisar de um pote de ouro no final do arco-íris!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Tradução dos Ciclos da Vida

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

10 coisas incríveis de 2013



2013 é agora apenas um capítulo da obra dos anos. Na introdução deste, não farei promessas ou traçarei as metas para o ano novo. Apenas uma pequena lista daquilo que rasgou a rotina dos dias, dos acontecimentos que dobraram as páginas, transformando os episódios em relevo biográfico. Nada de aventuras extraordinárias ou momentos excepcionais. Não fiz mergulho submarino, escalei montanhas e nem participei de excursões para o Ártico, mas vivi com profundidade a maior de todas as aventuras: a vida. Que 2014 seja leve, porém, sem perder a direção, conforme legenda para esta foto feita por mim, na praia, quando o ano já anunciava sua despedida. 
Abaixo, a lista: 



 1) Um surto de choro e forte emoção, durante cânticos de música sacra entoados pelos monges do Mosteiro de São Bento (SP); 

 2) Ter feito um curso de Fotografia com o professor Zé Luiz Cavalcante e realizado um antigo desejo para a satisfação dos sentidos;

 3) Ter caminhado, pela primeira vez a pé e com a bandeira do Brasil, na Ponte do São Francisco, durante os protestos que marcaram o ano de 2013; 

 4) O inicio de um trabalho voluntário de Evangelização para crianças, com noções de solidariedade e cidadania; 

 5) Registrar com as retinas e as lentes da câmera a Procissão dos Orixás, na Igreja do Desterro, em plena harmonia do sincretismo religioso maranhense; 

 6) Ter entrado em conexão com o meu anjo da guarda e evitado um assalto, em peleja direta com o ladrão; 

 7) Organização para a publicação de meus dois livros, após mais de 20 anos de intensa atividade profissional às custas das palavras; 

 8) Um passeio para mostrar como vivem as pessoas embaixo das pontes, em casebres de papelão às crianças que têm teto, casa, comida e roupa lavada; 

 9) Ter tido mais uma prova de que “a fé transporta montanhas” e de que não existem coincidências ou acasos a quem aciona as forças espirituais; 

 10) O estranho sentimento de alegria diante da partida do meu avô Bezerra, com a sensação reconfortante de que ele cumpriu a missão destinada