Já se distancia, na poeira da estrada do tempo, a época em que comunicação significava apenas transmissão de dados. Considerá-la mera ferramenta ou uma atividade que apenas contribui para a melhoria da imagem do negócio, da instituição ou de personalidades públicas, também se constitui num modo obsoleto de perceber este fenômeno onipresente na contemporaneidade.
Há quase 30 anos, em 1982, o futurólogo John Naisbit já anunciava a chegada da Sociedade de Informação. Manuel Castells, sociólogo espanhol traduzido para 23 línguas, cunhou a expressão Sociedade em Rede, considerando os impactos da tecnologia na sociedade. O filósofo da informação, Pierre Lévy, considera que vivemos em uma megarrede comum, compreendida como “o conjunto das mensagens e das representações que circulam em uma sociedade”. Ou seja: todos partilhamos, diariamente, experiências num “grande hipertexto móvel, labiríntico, com cem formatos, mil vias e canais”, segundo o doutor, pela Universidade de Sorbonne, em Sociologia e Ciência da Informação.
Em contínua interseção, todos os aspectos da vida organizada contemporânea são estruturados a partir de mecanismos de comunicação/informação, entre eles: a economia mundial e os mercados financeiros interligados, as migrações e seus conseqüentes processos de hibridizações culturais, a integração entre as nações diante de questões planetárias que globalizam a agenda de debates, as novas formas de relacionamentos intermediadas pela tecnologia e os diversos impactos de tais fenômenos na arte, na cultura, na política, na educação, nos comportamentos e em tantos outros setores.
O cenário acima descrito refuta a função reducionista e ultrapassada de que a figura do antigo assessor de imprensa pode resolver os complexos problemas de um organismo, quer seja empresarial, sindical, educativo, ou institucional. A profissionalização da atividade de comunicação requer a percepção das novas formas de relacionamento e da vida em sociedade, mediadas pela própria comunicação na atualidade. Não é à toa que o mercado impõe novas habilidades como Gerenciamento de Crises, Auditoria de Imagem e outras.
A informação é um dado estratégico para o processo decisório, em qualquer âmbito da vida organizada. Mais do que a divulgação de fatos, eventos e decisões, a gestão da comunicação deve ser canalizada para otimizar resultados nas interfaces dos diversos ambientes, impulsionar a produção de fatos positivos, detectar falhas na execução de procedimentos internos, externos e apontar soluções. Comunicação é essencialmente mediação. A celularização do nosso dia a dia, as conexões diárias promovidas pelas redes sociais, a interatividade e a instantaneidade, proporcionadas pela cultura digital são os indicadores da imprescindível função dos profissionais da Comunicação.
Simplificando: não é com um simples outdoor ou cartaz que se resolvem os problemas ou demandas de uma empresa ou instituição. Assim como, nos casos mais graves, não é com um esparadrapo que um médico cura uma hemorragia.