sexta-feira, 6 de maio de 2011

Vida em abundância


Um casal de americanos comemora com champagne a morte de Osama Bin Lader. Festa nas ruas norte-americanas. A midiota se apressa em classificar Barack Obama como herói e o próprio aproveita para exortar que o desaparecimento do terrorista “deve ser bem recebido por todos que acreditam na paz e na dignidade humanas”. O oportuno discurso presidencial, devidamente convertido em capital político para as eleições de 2012, surte os efeitos esperados: a aprovação de Obama, subiu 52%, após a morte de Osama, segundo a mais recente pesquisa realizada pelo instituto Gallup. No domingo estava em 46%.


Militantes do Talebã e da Al Qaeda no Paquistão anunciaram, imediatamente após o assassinato, que a morte de Osama Bin Laden "não vai ficar sem resposta". O porta-voz da principal facção paquistanesa do Talebã avisou que a morte de Bin Laden será vingada. A Al-Qaeda jurou que vai manter a “jihad" (guerra santa. Santa?) para vingar a morte “de seu líder” e que "o sangue" de Bin Laden "terá sido derramado em vão e que isso será uma maldição para os americanos e seus agentes".

O evento, para onde holofotes mundiais estiveram voltados esta semana, é um recorte assustador do fracasso dos sistemas de desenvolvimento adotados pela humanidade. O modelo vigente, direcionado para a competitividade, a exclusão, o consumismo irresponsável e desenfreado, o caos urbano como conseqüência da ausência de políticas públicas sustentáveis, está em vias de exaustão. Enquanto suicidas fanáticos, de um lado, e a arrogância imperialista, do outro, ameaçam a tão fragilizada paz mundial, a população planetária já consome 50% mais recursos do que a Terra consegue oferecer. O mundo em descontrole, na acepção do sociólogo Anthony Giddens, discute Economia, Segurança, Relações Internacionais, conflitos de toda espécie, sem incluir nenhuma das questões no viés de uma proposta educativa capaz de inserir a humanidade em um novo paradigma global.

A cegueira diante da sacralização da vida é geradora de violência em escala. No Brasil, poucos conhecem um dos recursos essenciais na formação das gerações conscientes, a Educação Biocêntrica, que traz uma proposta pedagógica que coloca a vida em seu devido lugar central. Conforme ensina a psicopedagoga Ruth Cavalcante, fundadora do Centro de Desenvolvimento Humano (Fortaleza-CE), “o Princípio Biocêntrico é um novo paradigma no qual toda atividade humana está em função da vida; segue um modelo interativo, de rede, de encontro e de conectividade; situa o respeito à vida como centro e ponto de partida de todas as disciplinas e comportamentos humanos, e restabelece a noção de sacralização da vida”.


A vida é também ponto de partida para todas as disciplinas a serem estudadas. Entre os referenciais teóricos incluem-se: Martin Bubber, Dilthey (“filósofo do espírito”), Paulo Freire, Leonardo Boff, Fritjop Capra e outros. A Educação Biocêntrica propõe ainda integrar a Inteligência Afetiva ao desenvolvimento ou para harmonizar as capacidades mentais, emocionais e espirituais no processo de aprendizagem.


As atrocidades cometidas pelas líderes equivocados de nações vitimadas pela lacuna deixada nos sistemas educacionais e de desenvolvimento poderiam ser curadas pelas futuras gerações com a adoção da proposta de respeito à vida, de percepção do outro como parte de si mesmo e do todo.

Nem delírio, nem filosofia vã. Apenas uma equação exata, a qual estamos todos, inexoravelmente, incluídos. A genialidade de Einstein já nos advertiu: “A vida é como jogar uma bola na parede. Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca. Se a bola for jogada com força, ela voltará com força. A vida não dá nem empresta. Não se comove nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos”.  

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