Conheci Rolando Toro em uma praia chamada Tabuba, no litoral cearense, banhada pela música do mar e dos pássaros e protegida por uma lua crescente a iluminar um grupo de pessoas que adotava um estilo de vida repleto de amorosidade. Toro, o criador da Biodança, um antropólogo chileno, psicólogo, poeta, professor de Antropologia Médica da Escola de Medicina da Universidade do Chile e amante da existência, falava da sacralidade da Vida e de uma espécie de religiosidade existente nos encontros. Na época, aos 81 anos, Rolando Toro dizia, com o castelhano sedutor que fluía de suas palavras, coisas como: “O abraço é uma celebração divina” ou “um olhar amoroso provoca uma explosão no sistema endócrino”.
Ainda lembro do entusiasmo que pulava dos meus olhos, quando conheci a proposta de viver abundantemente, apresentada a mim por duas bruxas em minha vida, Carime Jadão e Viviane de Araújo, ambas especialistas em Educação Biocêntrica – proposta educativa que coloca a vida em um lugar central. Todas as ocasiões em que me sinto triturada, moída pela máquina impiedosa do cotidiano ou pressinto o amargar da decepção na boca, recorro a tais ensinamentos. Cada dia me convenço de que o tema, aparentemente meio woodstockiano, é urgente e necessário à implantação de um modo de desenvolvimento justo, sustentável e (por que não?) afetuoso, em uma época de exaustão do modelo social vigente.
As perversidades das quais somos vítimas, vez em quando, fazem pouco caso ou ridicularizam os encontros, numa concepção biocêntrica de comunhão generosa e como um meio supremo de perceber o outro. Martin Buber, Leonardo Boff, Pierre Weil e outros tantos dialogam com a proposta. Do Saber Cuidar, obra relevante de Boff, numa contribuição valiosa à sustentabilidade do planeta e das relações, às lições do mestre chileno.
Quantas tragédias não poderiam ter sido evitadas com a inserção significativa e determinante do imprescindível ingrediente amoroso na educação de tantos que, num golpe violento, ceifam suas próprias possibilidades de um destino melhor? Longe de parecer devaneio hedonista, a Biodança é um apelo mundial a uma concepção coletiva, em uma dança dos encontros, de harmonia e afetividade. Nestes tempos em que grande parcela da humanidade parece, irremediavelmente, voltada para seu próprio umbigo, lambendo suas chagas, há de se extirpar o egoísmo em série e a crueldade individualista, em nome da salvação da nossa espécie. Nem que, para isto, precisemos repetir Afonso Romanno de Sant’anna: “Sejamos delicados, cruelmente delicados!”
Quantas tragédias não poderiam ter sido evitadas com a inserção significativa e determinante do imprescindível ingrediente amoroso na educação de tantos que, num golpe violento, ceifam suas próprias possibilidades de um destino melhor? Longe de parecer devaneio hedonista, a Biodança é um apelo mundial a uma concepção coletiva, em uma dança dos encontros, de harmonia e afetividade. Nestes tempos em que grande parcela da humanidade parece, irremediavelmente, voltada para seu próprio umbigo, lambendo suas chagas, há de se extirpar o egoísmo em série e a crueldade individualista, em nome da salvação da nossa espécie. Nem que, para isto, precisemos repetir Afonso Romanno de Sant’anna: “Sejamos delicados, cruelmente delicados!”
Gosto muito da forma como você redige o seu texto.
ResponderExcluirSe possível estarei sempre te visitando e trocando idéias novas com você. Não páre!
bjs
Obrigada pelas considerações, Isaías, estamos à disposição para qualquer crítica ou sugestão.
ResponderExcluirUm abraço!
Perfeiro texto! Tem que ir pro mundo, um mundo tão necessitado de amor e de Biodanza! Viva o Rolando Toro que vive em nós, aqueles que o conhecemos!
ResponderExcluirEsqueceram de priorizar o âmago, o cerne da questão: preparar o "homem" para ser humano. Amar e não cobrar. Ter e não possuir e, acima de tudo, compreender o sentido de somar, sem se anular, compartilhar. Linda reflexão em flores e abraços. Parabéns!!!
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