quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Horário Eleitoral: Sessão da Tarde ou Vale a Pena Ver de Novo?



No clássico Mitologias, o francês Roland Barthes fornece as chaves para os que se propõem a uma compreensão mais apurada dos rótulos, embalagens e conteúdos dos discursos eleitorais na propaganda eleitoral no rádio e na TV.

O capítulo com título O Mito é uma Fala Despolitizada, revela: “a função do mito é evacuar o real”. Nenhuma constatação inédita a de que, a maioria dos marqueteiros, direciona suas estratégias no sentido de mitificar candidatos e políticos. 

O caldeirão cultural brasileiro - com cultos a santos padroeiros, festas religiosas e outras formas de adoração - é ambiente propício para a frequente necessidade popular por supostos "salvadores da Pátria" na política nacional. O filme Lula, o filho do Brasil, e o controvertido "fenômeno de popularidade" do atual presidente da Nação não fogem à regra do argumento aqui exposto. Adiciona-se a isso o consenso, quase generalizado, de que a mídia é um lugar de produção de imaginários.

Barthes, no entanto, anuncia que “estatisticamente, o mito se localiza na direita”. Mas é notável a adoção de sentenças e construções discursivas despolitizadas, tanto em candidatos da direita, quanto de esquerda, nas eleições para o Governo do Maranhão. Os candidatos Flávio Dino (PCdoB) e Roseana Sarney (PMDB), adversários ferrenhos na disputa pela cadeira no Palácio dos Leões, rugiram no mesmo timbre de “fala despolitizada”, alinhados no arremedo de expressões como: “Chega de Briga”, “Quem perde é o povo”.

O truque retórico, retirado de pesquisas qualitativas, é reducionista e reforça a despolitização generalizada da população, empurrando para debaixo do tapete, questões mais complexas sobre a atual cena política maranhense. O “Chega de Briga” equivale ao “Político é tudo igual”, expressões que revelam a ausência de educação política, indisposição nos eleitores para análise do comportamento de cada candidato e avaliação dos representantes que já exercem mandatos.
Para Barthes, “o mito faz uma economia, absorve a complexidade dos atos humanos (...) e organiza um mundo sem contradições, porque sem profundeza”.

Mas é a doutora Vera Chaia, livre docente em Ciências Políticas (PUC/SP), em entrevista sobre a influência da mídia e dos poderes econômicos nas eleições, quem levanta o véu da questão. No jornal Le Monde Diplomatique Brasil, ela sublinha: “Existem certas estratégias de campanha que você deve obedecer. Se você é oposição, você tem que ser oposição. Se você é situação, você tem que ser situação. Não dá para contemporizar porque o eleitor percebe”.

Agora, na reta final para o dia três de outubro, resta saber o que o eleitor preferiu assistir no horário eleitoral na TV e no rádio. Sessão da Tarde ou Vale a Pena ver de Novo?


2 comentários:

  1. Concordo, Flavia. Mas esse pessoal aqui não vai entender o que escreveste. A superficialidade ainda vigora e a falta de profundidade nos argumentos do Marketing feito no MA.

    Marcos Leal Jr.

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  2. Flávia Regina o povo preferiu o VALE A PENA VER DE NOVO da Roseana Sarney. Flávio Dino e sua SESSÃO DA TARDE também ficaram fora do ar. O cara quer ser contra Sarney com vaselina, mermão?
    Abração colega
    Kid Revolta da Perifa

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