quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O povo brasileiro e a permitida ultrapassagem de criatividade





Nasci brasileira. Deus deve ter tido lá suas razões para me fazer nascer num país governado por um presidente que se utiliza de metáforas ridículas para descrever as questões nacionais. Com frequência, sinto-me uma inglesa: não furo fila, não falo alto. Sem posar de fresca, detesto a cultura dos adeptos do jeitinho brasileiro que, em vez de descambarem para a customização criativa, preferem passar a perna e levar vantagem em tudo. Agem como aquela frase popular de pára-choque de caminhão: “Preguiçoso é como dono de sauna, vive do suor dos outros”. A questão central: onde começa a preguiça e onde terminam as oportunidades ceifadas de tantos dos nossos?
Viver em uma nação que, há séculos, pouco tem feito para tirar seus filhos da desgraça que é a lacuna educacional é um ultraje. Os órgãos oficiais se ufanam que o Governo Federal estaria aplicando 4,6% do PIB em educação contra 4,4%, de 2006, e a meta é chegar ao patamar de 5% até 2.010. Piada. Há alguns anos economias com porte semelhante à brasileira, já destinam um percentual bem maior, a exemplo da Coréia do Sul, por exemplo, que destina 7,2% do PIB para a educação. O México aloca 6,4% do PIB em educação.
No entanto, me enternece o modo como a população sofrida metaboliza o entendimento parco das coisas. Aprecio a criatividade espremida daqueles que, mesmo sem a palavra mágica da oportunidade, fazem de um churrasquinho de gato, um exemplo de refinada gastronomia criativa, em um cardápio unicamente nacional. Recebi, recentemente, da amiga e professora Carime Jadão, especialista em Educação Biocêntrica, uma sequência de fotos de placas que só se justificam como sendo resultado de uma maneira nacional de inventar e se adaptar às situações, sem par em nenhum outro país do planeta. Entre as pérolas fotografadas estão um outdoor de propaganda de motel com o apelo: TRAGA ALGUÉM PARA COMER AQUI (almoço grátis). E ainda: CHURRASQUINHO DO CEARÁ (de gato siamês, criado na ração, nunca comeu rato). Difícil mesmo é ter que escolher entre comer na churrascaria SERVE-SERVE-SE ou na padaria com o sugestivo cartaz: PRECISA-SE (sic) DE CLIENTES. Se o cidadão escapar da morte, no HOSPITAL MATADOURO, pode até alimentar a esperança da crença na vida após a morte na FUNERÁRIA NASCIMENTO. Seríamos muito mais se essa genialidade brasileira, a exemplo de talentos como o conterrâneo maranhense Joãosinho Trinta, recebesse os necessários estímulos e incentivos educacionais e artísticos. Emergindo sempre da podridão de políticos safados, Joãosinho mostrou que O Brasil é um luxo.

Um comentário:

  1. Olá, Poeta!

    Estava aqui fazendo a cabeça de Cleane, uma moça que trabalha na minha casa e lhe explicava como funciona a net.Dizia-lhe também que podia re-fazer a história de Marina na sua própria história. Aí cliquei no Google para mostrar-lhe a biografia do homem que tocava e cantava(Santana),quando vi meu nome. Gelei. Aí cliquei e para minha surpresa,vim parar dentro do teu blog,onde me deparei com teu sorriso e dancei palavras contigo.
    Amei(re)visitar-te aqui.
    Para sempre...
    Carime

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