sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Primeiras páginas de 2010


Os anos se sucedem como páginas de um livro. Somos nós os autores de nossos próprios rascunhos, escritos inacabados, poemas, contos, obras-primas, folhas inteiras desperdiçadas ou rasgadas, traduzindo episódios e acontecimentos, circunscritos pelo tempo. Na dança dos encontros, ritual integrante da experiência humana, alguns relacionamentos são fortalecidos em suas raízes, alimentadas pela seiva suave do afeto, que une e nutre as conexões. São árvores frondosas e centenárias como os baobás, resistentes às tempestades, sobreviventes às intempéries e pragas de toda espécie.

Assim como os encontros inevitáveis, há os desencontros previsíveis - aqueles que não conseguiram transcender os interesses momentâneos, asfixiados por emoções purulentas, resíduos de patologias atávicas que fazem a pequenez do egoísmo pisotear a ternura, a grandeza de vivenciar o amor ou a amizade. São aqueles que faliram sem a força da transmutação, abrigando-se no efêmero. São também os encontros que fracassaram na covardia de reescrever novos capítulos, em prosa liberta das algemas de conclusões definitivas, ignorantes da imensidão de possibilidades reservadas pela Vida.
A felicidade que desejo a todos que fazem parte do meu precioso patrimônio afetivo, nesta virada de ano, costuma vestir-se de trajes simples como são os momentos de autêntica alegria. É o feliz aprendizado de abrigar-se no silêncio do próprio coração, aprendendo a calar, longe da balbúrdia da queima de fogos, que não apaga as angústias e aflições do dia seguinte. Aos meus amores amigos e amigos amados, cultivados pelo húmus do tempo, contendo a reciprocidade de carinhos, conversas sinceras, sorrisos, trocas intelectuais e afins, quero brindar à inevitabilidade do novo em 2010. Viver é dádiva por demais preciosa para ser desperdiçada. Como um vôo de asa delta, um abraço largo, sal do mar no corpo e beijos que mudam a cor dos olhos. Mais 365 dias para escrevermos a obra-prima de nossa existência. FELIZ NOVO!

Essa crônica é dedicada e inspirada em conversas recentes que tive com alguém que integra meu patrimônio afetivo, Maria Cristina Asevêdo, Juíza de Direito, mas antes disso, uma das minhas maiores referências pessoais.


2 comentários:

  1. De onde vem tua inspiração para escrever com tanta alma, menina? E por falar em encontros, jamais cometeria a insensatez de um desencontro - ainda que previsível,contigo. Muchos besos e as melhores previsões para 2010.

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  2. Se alguém diz que a vida não vem com manual de instruções é porque não leu você, Flávia Querida!
    Beijo enorme paulista com muitas saudade da tua presença..
    Sueli Dantas

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