terça-feira, 27 de setembro de 2011

Luzes no Porão


Inauguram-se formas sensíveis, cada vez mais apuradas de degustar a existência. As palavras dançam ao som de Pagannini, adequando-se à certa inquietação fértil que se difere de antigas e costumeiras tormentas. Estabeleço um acordo com o cotidiano: nem ele me oprime com sua pressa, nem eu o desperdiço como um néscio. Os monstros interiores adormecem, derrotados pelo cansaço, esmagados pelos seus próprios pesos.
Vejo filetes de luz em meu porão. Tinta fresca derramando-se na tela branca. Fragmentos quase imperceptíveis de encantos, entre um segundo mágico e outro, inapreensíveis pela velocidade dos dias, operam a alquimia entusiasmada do existir . Ocorrem durante um frame, um flash, um acorde de melodia. Tal como aquele trecho de samba vestindo poesia: “O bom é ser fotografado, mas pelas retinas de teus olhos lindos”.
Massagear a rigidez dos anos e travar com eles uma relação de amizade enamorada ou de namoro amigo. Antigos vestígios felizes fundem-se às alegrias presentes e cantarolam músicas de roda com as meninas das emoções que seguram placas em direção ao futuro. Na wallyana expressão, a ilha  de edição da memória exclui trechos de episódios desnecessários e insere a trilha sonora da saudade com amnésia. O triunfo do silêncio, a supremacia da nobreza, a retidão do distanciamento a elevarem todo sentimento.  Nada por perder na mesma equação do inevitável acontecer. Transformar como a veste dos incessantes ventos. Seja feita a vontade dos nossos atos. Amem!

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