quarta-feira, 17 de março de 2010

Comunicação.com


Já se distancia, na poeira da estrada do tempo, a época em que comunicação significava apenas transmissão de dados. Considerá-la mera ferramenta ou uma atividade que apenas contribui para a melhoria da imagem do negócio, da instituição ou de personalidades públicas, também se constitui num modo obsoleto de perceber este fenômeno onipresente na contemporaneidade.

Há quase 30 anos, em 1982, o futurólogo John Naisbit já anunciava a chegada da Sociedade de Informação. Manuel Castells, sociólogo espanhol traduzido para 23 línguas, cunhou a expressão Sociedade em Rede, considerando os impactos da tecnologia na sociedade. O filósofo da informação, Pierre Lévy, considera que vivemos em uma megarrede comum, compreendida como “o conjunto das mensagens e das representações que circulam em uma sociedade”. Ou seja: todos partilhamos, diariamente, experiências num “grande hipertexto móvel, labiríntico, com cem formatos, mil vias e canais”, segundo o doutor, pela Universidade de Sorbonne, em Sociologia e Ciência da Informação.

Em contínua interseção, todos os aspectos da vida organizada contemporânea são estruturados a partir de mecanismos de comunicação/informação, entre eles: a economia mundial e os mercados financeiros interligados, as migrações e seus conseqüentes processos de hibridizações culturais, a integração entre as nações diante de questões planetárias que globalizam a agenda de debates, as novas formas de relacionamentos intermediadas pela tecnologia e os diversos impactos de tais fenômenos na arte, na cultura, na política, na educação, nos comportamentos e em tantos outros setores.

O cenário acima descrito refuta a função reducionista e ultrapassada de que a figura do antigo assessor de imprensa pode resolver os complexos problemas de um organismo, quer seja empresarial, sindical, educativo, ou institucional. A profissionalização da atividade de comunicação requer a percepção das novas formas de relacionamento e da vida em sociedade, mediadas pela própria comunicação na atualidade. Não é à toa que o mercado impõe novas habilidades como Gerenciamento de Crises, Auditoria de Imagem e outras.



A informação é um dado estratégico para o processo decisório, em qualquer âmbito da vida organizada. Mais do que a divulgação de fatos, eventos e decisões, a gestão da comunicação deve ser canalizada para otimizar resultados nas interfaces dos diversos ambientes, impulsionar a produção de fatos positivos, detectar falhas na execução de procedimentos internos, externos e apontar soluções. Comunicação é essencialmente mediação. A celularização do nosso dia a dia, as conexões diárias promovidas pelas redes sociais, a interatividade e a instantaneidade, proporcionadas pela cultura digital são os indicadores da imprescindível função dos profissionais da Comunicação. 
Simplificando:  não é com um simples outdoor ou cartaz que se resolvem os problemas ou demandas de uma empresa ou instituição. Assim como, nos casos mais graves, não é com um esparadrapo que um médico cura uma hemorragia.

2 comentários:

  1. Escutei essa música e lembrei do seu texto. Olha que letra linda!

    Do que um homem é capaz
    As coisas que ele faz
    Para chegar aonde quer
    É capaz de dar a vida
    Para levar de vencida
    Uma razão de viver

    A vida é como uma estrada
    Que vai sendo traçada
    Sem nunca arrepiar caminho
    E quem pensa estar parado
    Vai no sentido errado
    A caminhar sòzinho

    Vejo a gente cuja a vida
    Vai sendo consumida
    Por miragens de poder
    Agarrados alguns ossos
    No meio dos destroços
    Do que nunca vão fazer

    Vão poluindo o percurso
    Com as sobras do discurso
    Que lhes serviu pr'abrir caminho
    À custa das nossas utopias
    Usurpam regalias
    Para consumir sòzinho

    Com políticas concretas
    Ímpões essas metas
    Que nos entram casa dentro
    Como a Trilateral
    Com a treta liberal
    E as virtudes do centro

    No lugar da consciência
    A lei da concorrência
    Pisando tudo pelo caminho
    Para castrar a juventude
    Mascaram de virtude
    O querer vencer sòzinho

    Ficam cínicos, brutais
    Descendo cada vez mais
    Para subir cada vez menos
    Quanto mais o mal se expande
    Mais acham que ser grande
    É lixar os mais pequenos

    Quem escolhe ser assim
    Quando chegar ao fim
    Vai ver que errou o seu caminho
    Quando a vida é hipotecada
    No fim não sobra nada
    E acaba-a sòzinho

    Mesmo sendo poderosos
    Tão fracos e gulosos
    Que precisam do poder
    Mesmo havendo tanta gente
    Para quem é indiferente
    Passar a vida a morrer

    Há principios e valores
    Há sonhos e há amores
    Que sempre irão abrir caminho
    E quem viver abraçado
    À vida que há ao lado
    Não vai morrer sòzinho
    E que morrer abraçado
    À vida que há ao lado
    Não vai viver sòzinho

    José Mário Branco - Música do album Resistir é Vencer

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  2. Isabella é você, com dois "eles" mesmo?
    Da música de Tom Jobim?
    rsss... obrigada pelo post! Bjos.

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