quarta-feira, 8 de abril de 2015
terça-feira, 7 de abril de 2015
sexta-feira, 6 de março de 2015
terça-feira, 3 de março de 2015
O inferno paradisíaco
“Entra com teu céu em meus olhos” é um dos
versos mais delicadamente arrebatadores do poeta chileno Pablo Neruda.
A forte carga simbólica do céu - e suas concepções de paraíso e imensidão - se mistura ao incandescente fogo tão familiar ao reduto dos pervertidos pela emoção e dos atormentados pelo sentimento que move o mundo: o desejo. Para alívio dos culpados, o inferno já foi até absolvido pelo Papa Francisco.
A forte carga simbólica do céu - e suas concepções de paraíso e imensidão - se mistura ao incandescente fogo tão familiar ao reduto dos pervertidos pela emoção e dos atormentados pelo sentimento que move o mundo: o desejo. Para alívio dos culpados, o inferno já foi até absolvido pelo Papa Francisco.
A genialidade do poeta
está em traduzir com poesia o que acontece, naqueles momentos mágicos, nos
estreitos orifícios pelos quais a vida é apreciada: os olhos. Nos
limites da visão, o céu infinito supõe-se alcançado em toda a sua graça. O olhar, essa janela da
existência, alimenta a alma e nutre o coração. “O que os olhos não veem,
coração não sente”, diz o adágio popular.
Neruda pede. Os
melhores pedidos, como conhecem os amantes, precisam recorrer ao recurso inebriante da sedução para serem
atendidos. O olho que vê quer mais. Quer ser visitado pelo deslumbramento
celestial, descrito no poema. Devem ser olhos aflitos, afoitos, pois têm fome. Mas são justamente olhares
molhados de ternura que saciam sedes. E balsamizam o calor do querer.
E não é o crente
que almeja ingressar nos degraus superiores onde habitam anjos e serafins. É
o descrente pelas dúvidas, o endemoniado pelo desejo que quer ser invadido pela imensidão paradisíaca e pede: “entra com teu céu em meus olhos”.
O triunfal ingresso do céu nos olhos celebra a simbiose entre céu e inferno. As delícias do sentir são feitas disto, do Hades e do Paraíso, que se juntam e se buscam, freneticamente. Condenados ou perdoados pela vida eterna. Amem!(sem acento)
O triunfal ingresso do céu nos olhos celebra a simbiose entre céu e inferno. As delícias do sentir são feitas disto, do Hades e do Paraíso, que se juntam e se buscam, freneticamente. Condenados ou perdoados pela vida eterna. Amem!(sem acento)
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
quinta-feira, 24 de abril de 2014
A maior das ambições
Não
coleciono ambições no pescoço ou outras gargantilhas-algema.
Nem
invejo os bolsos estufados e os cenhos franzidos de quem sorri com avareza
entre os dentes estragados de ouro.
Divirto-me
com a maior das minhas ambições: rir dos ambiciosos, os canalhas que peidam o
azedume de seus esquemas.
São
cães que lambem as próprias patas sujas de lama. Cachorros grandes.
Lambuzam-se
de seus excessos.
Estou
aqui de passagem, carregando a mochila da liberdade.
Meu
destino é longe daqui.
Meu
reino também não é deste mundo.
Prefiro
a companhia dos andarilhos sem morada, dos esquálidos com fome, dos
despretensiosos audaciosos.
Não
sou amiga dos reis.
Meu
saber é o sabor.
Meu
poder não tem pudor.
Sou
passarinho.
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