Ouçam! Ouçam a voz do tempo!
Sinistros navios piratas invadiram a
ilha de Tupã com seus brasões, arcabuzes e espadas para o vernissage de
uma nova França. Porém a arma mais desumana foi a cruz erguida em nome
de Jesus sobre o sangue Tupinambá. Oh, desgraça! Oh, infâmia! Ainda hoje
os filhos de Maria continuam sendo assassinados na Terra Prometida que
lhes servirá de túmulo...Do pó para o pó! Desde então, todos os dias o
cadáver de Cristo é arrastado para o Calvário do Itaqui tendo cravos de
ferros nas mãos e nos pés. Embarcando, atravessa o Aqueronte para ser
vendido nos sujos mercados colonialistas.
Misericórdia! Misericórdia!
Há 400 anos os galos cantam
Misericórdia, mas as feridas continuam abertas. Úlceras da fome e do
abandono se alastram pela madrugada Como um grito de tambor execrado
pelos ouvidos surdos de políticos e autoridades. Autoridades de latrina!
Urubus! Por que festejar o patrimônio desumano da miséria e do luto na
Hora do Angelus, quando os sinos da anunciação pedem liberdade? Cidadãos
de São Luís! Os fariseus vestidos de cordeiros são os mesmos ladrões
que assaltam palafitados e jantam suas vísceras no Congresso Nacional.
Não vos deixeis cair na tentação do bolo confeitado da infâmia, com suas
velas de sangue e de breu. A faca está nas mãos de Lúcifer e as fatias
serão negociadas entre os porcos da corte. Quem de vós irá comer desse
bolo de aniversário?
Cristo Ressuscitará? Cristo Ressuscitará?
Siiiiiim! Cidadãos de São Luís...É
chegada a hora! A hora de libertar Anjos e Lázaros Massacrados por
políticas públicas de mentira! Fortalecei a trincheira contra a
corrupção e o tráfico de almas! Basta! São 400 anos de miséria, de
injustiça, de mãos implorando: Esmola pelo amor de Deus! Mas Deus também
está sendo vendido no mercado negro das multinacionais que fabricam
miséria e cobram dízimos dos crucificados pela fome. Cidadãos de São
Luís, é chegada a hora do Anjo Rebelde! A mensagem revolucionária do
filho de Deus já está em nossos corações. Ora pro nobis; Sancta Dei
Genetrix...
Hoje o Verbo da Liberdade se fará carne!
(César Teixeira em manifesto contra o embuste da efeméride no ano. São Luís: Outros 400!)
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