Os versos de Tom jamais se rendem aos equívocos existenciais, ressurgindo com vigor, como se tivessem a missão de anunciar sempre uma nova e inevitável estação. Wave é uma dessas canções que narra a despretensão de apenas contemplar e não dizer, mas que acaba revelando tudo, sem enredar-se em elucubrações inúteis, com sua métrica simples e, como tal, indispensável à realidade de VIVER. O trecho “O resto é mar e tudo o que eu não sei contar...” dispensa maiores firulas, tessituras e rocamboles neuróticos do gênero. A paisagem linda diante dos olhos se basta. Nada mais interessa. Um Jobim meio caymmiano propício aos momentos em que o tempo sequer existe.
“São coisas lindas que eu tenho pra te dar” expressa a singela proposta de mimos, aconchegos e chamegos, em um encontro quase improvável, mas atropelado pela força da inevitabilidade, provocada pelo Mistério Supremo, o Senhor das Confluências. As tais coisinhas lindas que eu tenho pra te dar, em arranjo manhoso de Bossa, hão sempre de vigorar, sob a égide da equação simbólica franciscana. Foi a imagem dele, em 20 de novembro de 2011, de São Francisco de Assis, que me saudou de manhã, em um banheiro de casa de praia, anunciando: “é dando que se recebe”. Os dias que seguem têm sido tatuados pela generosidade. Palavras enfeitadas com códigos de ternura, apertando laços em almas que se rasgam sem amarras. O ideograma na nuca, tatuado pelo cinismo do destino, anuncia seu significado: verdade.
De Jobim a Sinatra, ao som de My Way, dançam abraçadas certas emoções que emergem à superfície, aflorando sensibilidades jamais esgotadas, entregues ao imperativo do novo, ajoelhadas diante da dádiva da Vida, impondo sua grandiosidade em cada pequeno gesto. Pelo irrevogável direito a delícias em 2012! Ainda que o tempero das prováveis amarguras seja adicionado, para apurar o paladar, neste generoso banquete que se chama Vida. Feliz!
Meu amor..todas as vezes que aprecio tuas "linhas do coração",me emociono instantaneamente.
ResponderExcluirNunca poderei deixar de sensibilizar-me com tuas palavras de antidoto para a alma.I love you.
Renatinha, minha linda cúmplice de incursões por livrarias de rodoviárias, bancas de revistas, viciada (como eu)na mesma mania das traças roedoras de livros... obrigada pelo carinho de sempre, pelo amor-amizade eterno e, em especial, pelo incentivo ao ofício-vício de escrever.
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