O domingo de chuva me trouxe um sofá quente e um filme requentado: a Igualdade é Branca, da trilogia do diretor Krzysztof Kieslowski. Nele, o personagem polonês Karol, após ser humilhado pela ex-esposa, tece uma ardilosa trama e, mesmo amando-a loucamente, se vinga, impiedosamente, da bela mulher. A película me remeteu às irritantes considerações inconclusivas sobre as tais Sem-razões do Amor, como no poema drummondiano: “eu te amo porque não te amo. Bastante ou demais a mim.”
A cena final das lágrimas do homem cruelmente apaixonado, que observa através de binóculos a insanidade da moça consumida por um amor irrealizado pela tardia descoberta, é comovente. Um chute na estética “mocinha” de Hollywood e em seu clássico golpe do Happy End, do qual todos fomos vítimas um dia e que, vez por outra, voltamos a insistir em protagonizar novamente.
Mesmo após 30 anos de estudos sobre mecanismos psíquicos, Freud declarava não ter desvendado a pergunta: O que quer uma mulher? O filme também me fez questionar: em 5 milhões de anos, o que a civilização humana quer do amor?
Li, no início deste ano, uma entrevista com a tetraneta de Dom Pedro II, Paola de Orleans e Bragança que respondeu à pergunta sobre quem se classificaria como “príncipe encantado”. Para ela, aquele que tivesse nobreza relacionada ao caráter. Mas nobreza nem sempre funciona como pré-requisito para as paixões avassaladoras, aquelas incrustadas nos herdeiros do trágico modelo shakespeareano. “Hoje as pessoas procuram mais companhias do que um companheiro”, diz com realismo a descendente da Família Real Portuguesa.
Triste do amor, tão enaltecido pelos clássicos do cinema e da literatura, reduzido em nossos tempos de 140 caracteres do Twitter, a um apêndice do cotidiano. Talvez por isso tantos prefiram alimentar-se das emoções desenfreadas, contidas nos amores contrariados. Sábio foi o gênio Machado de Assis que, com o sarcasmo habitual, cunhou a frase: “O amor contrariado, quando não leva a um desdém sublime da parte do coração, leva à tragédia ou à asneira."
Lindinha - as always! Tivesse eu uma chance para contigo fazer drama ou romance. risos. Onde anda vc assim tão desaparecida?
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
ResponderExcluirGente tu és demais, garota! Simplesmente saborosa, cínicae IRRESISTÍVEL.
Teu fã, Carlão.
Ah não deixo de te ler nunca! Adoro a tua fluência com as palavras escritas. O que quer uma mulher ou o que se quer do amor? Tudo o que foge a razão, tudo mais do que se pode escrever. Não cabe querida, não cabe, não cabe em nenhuma escrita...Às vezes e só às vezes temos vagas notícias disso pela poesia.
ResponderExcluirFlávia.....vc é mulher dos mil ofícios, e eu que sei nadar pouco!!!!mas, da frase de Freud,pescamos juntas...vc viu meu quadro na borracharia da dadá né??/ besos.Dani
ResponderExcluirA porra do amor. Siempre. Linda dança das palvras, larvas vulcânicas na Islândia...bj e amor, minha frô. No Rio? "Tá tudo cinza sem vc, tá tão vazio..." lov, tua dá
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