Não
coleciono ambições no pescoço ou outras gargantilhas-algema.
Nem
invejo os bolsos estufados e os cenhos franzidos de quem sorri com avareza
entre os dentes estragados de ouro.
Divirto-me
com a maior das minhas ambições: rir dos ambiciosos, os canalhas que peidam o
azedume de seus esquemas.
São
cães que lambem as próprias patas sujas de lama. Cachorros grandes.
Lambuzam-se
de seus excessos.
Estou
aqui de passagem, carregando a mochila da liberdade.
Meu
destino é longe daqui.
Meu
reino também não é deste mundo.
Prefiro
a companhia dos andarilhos sem morada, dos esquálidos com fome, dos
despretensiosos audaciosos.
Não
sou amiga dos reis.
Meu
saber é o sabor.
Meu
poder não tem pudor.
Sou
passarinho.