terça-feira, 27 de setembro de 2011

Luzes no Porão


Inauguram-se formas sensíveis, cada vez mais apuradas de degustar a existência. As palavras dançam ao som de Pagannini, adequando-se à certa inquietação fértil que se difere de antigas e costumeiras tormentas. Estabeleço um acordo com o cotidiano: nem ele me oprime com sua pressa, nem eu o desperdiço como um néscio. Os monstros interiores adormecem, derrotados pelo cansaço, esmagados pelos seus próprios pesos.
Vejo filetes de luz em meu porão. Tinta fresca derramando-se na tela branca. Fragmentos quase imperceptíveis de encantos, entre um segundo mágico e outro, inapreensíveis pela velocidade dos dias, operam a alquimia entusiasmada do existir . Ocorrem durante um frame, um flash, um acorde de melodia. Tal como aquele trecho de samba vestindo poesia: “O bom é ser fotografado, mas pelas retinas de teus olhos lindos”.
Massagear a rigidez dos anos e travar com eles uma relação de amizade enamorada ou de namoro amigo. Antigos vestígios felizes fundem-se às alegrias presentes e cantarolam músicas de roda com as meninas das emoções que seguram placas em direção ao futuro. Na wallyana expressão, a ilha  de edição da memória exclui trechos de episódios desnecessários e insere a trilha sonora da saudade com amnésia. O triunfo do silêncio, a supremacia da nobreza, a retidão do distanciamento a elevarem todo sentimento.  Nada por perder na mesma equação do inevitável acontecer. Transformar como a veste dos incessantes ventos. Seja feita a vontade dos nossos atos. Amem!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Campanha contra o desperdício

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A muda (que) dança


Mais uma drágea, da minha Farmácia de Frases, a repor insumos vitais, produzida no laboratório do escritor Mário de Andrade: “O passado é lição para ser refletida e não reproduzida”. O saudosismo não é emoção que se ajuste bem em mim, é quase uma roupa mal ajambrada. O hábito de teclar o F-5, promover freqüentes up-grades é recurso que exorciza fantasmas, liberta correntes enferrujadas, arrastadas pelo chão, mas permite digressões abertas a um diálogo com as vozes interiores. Oscilo entre a algazarra de uma Babel de flávias e a regência de um côro que se pretende virtuoso. Promovida a conciliação entre passado e presente, prossigo na escrita com cheiro de naftalina e néctar.  
Na infância, acalentava o excêntrico sonho de ser hippie, enquanto as coleguinhas planejavam seguir a carreira de médicas ou dentistas. Uma delas, muito querida até hoje, profetizava: “Aparece lá em meu consultório e leva uns brinquinhos para me vender”. Fiel ao surrado pedra que não rola, não cria limo, aos 8 anos de idade, fugi de casa levando, obviamente, uma mochila cheia de brinquedos para enfrentar a seriedade que a minha atitude exigia.
No fundo, no fundo, aquele precoce ardor interior ansiava pelo mistério das emoções desconhecidas, pelo bafo assustador soprado pela noite, frequentada por discos voadores e outras temas nervosos exibidos pelo Fantástico, das décadas de 70/80. Rapazes da bolha de plástico, homens do fundo do mar, feiticeiras faceiras e gênias saindo de dentro de garrafas habitavam os meus dias. A fantasia era a mocinha que sempre triunfava sobre a vilã realidade. O quintal da minha casa era feito de terra onde mamoeiros e jabutis conviviam na plena harmonia de um lar. Cavar o chão à procura de tesouros imagináveis consistia na minha alegria de buscadora principiante.     
As buscas da existência persistem até os dias de hoje. A realidade aprendeu a pisar nas flores de plástico das ilusões. E as fantasias, a imaginação fértil foram convertidas em matéria-prima da criação que impulsiona o ofício, dá sabor ao pão nosso de cada dia. Olhando, de soslaio, para trás, é possível enxergar um modo cigano de ter vivido os últimos generosos anos que foram proporcionados pela Divindade. Certas situações me fizeram hippie, mutante, perambulando em um comportamento que insiste em brigar com maturidade pedindo porto seguro. O amanhecer, o nascer de novo, o papel branco, imaculado que engraVIDA de palavras são parte de um jeito de refazer-me sempre.  

Agora, estou diante de caixas com vestígios de uma vida inteira, quiçá pela metade. Muda. Na Dança. Da Vida.


domingo, 11 de setembro de 2011

NO MUNDO DA LUA NUA


LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Ali Dadá!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Rádio do Dia